Ainda é futebol

Há pelo menos duas certezas nesta Copa. A primeira é a de que o Qatar não será campeão e a outra de que vamos reclamar (até o fim) da escolha equivocada do país sede. Todos os dias e com toda razão, alguém lembra o histórico de desrespeito aos direitos humanos e às mulheres, a repressão à comunidade LGBTQIA+, o tratamento desumano aos trabalhadores imigrantes e a mudança de data por conta do calor absurdo ser um pouco menos absurdo nesta época.

Deixando as certezas, temos as desconfianças. Uma delas é que, depois do acordo desfeito sobre as cervejas e a ameaça de sanção aos capitães com a braçadeira “One Love”, a Fifa não está mandando nada e o Emir Tamin Bin Hamad tudo. Dá também pra desconfiar que, além da promoção do país para o turismo mundial, o líder catari guardava, em algum lugar, sob o impecável lenço branco, ideias de que poderia vencer a Copa. Depois do jogo de estreia, espero que tenha entendido a fragilidade da sua seleção e torço pra que ele não seja um ressentido com vontade de vingança. Deve ser bobagem, mas tenho medo do poder que emana do combustível fóssil. Ele perde na Copa, mas é forte na COP. Melhor não pensar, pelo menos agora.

A Copa ainda é futebol e a gente gosta de ver. Digo isto sem ter visto quase nada e estou mais atrasada que o VAR dos impedimentos. É que a vida bagunçou como a defesa do Irã, mas amanhã volta ao normal. Por enquanto, quero saber dos melhores momentos, dos seis gols da Inglaterra e os quatro da França. Mais tarde, talvez eu procure pela derrota argentina que , não me julguem, vou também chamar de minha. Tenho apreço pelo futebol do vizinho!

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