O TÉCNICO FILÓSOFO

O campeonato Mundial Inter Clubes se afunila, chega aos momentos decisivos, onde não se pode cometer erros imperdoáveis, que se transformam em erros fatais.
Para quem achava que seria barbada, que os gigantes europeus iam passam como jamantas sobre os coitadinhos do Terceiro Mundo, surpresa! Deram com os burros n’água. Dos 8 classificados – teoricamente os Oito Melhores do planeta -, 2 são brasileiro e dois alemães; as 4 vagas restantes ficaram para os seguintes países: Arábia Saudita, França, Inglaterra e Espanha, um vaga pra cada e ficou de bom tamanho.
Antes do inicio dos confrontos decisivos, uma pausa que soa estranha quando a gente se acostuma com futebol o tempo todo. É quando prestamos atenção em coisas que normalmente passam batido. Ouvi da parte de um famoso técnico brasileiro, a seguinte declaração: “Sou pago pra pensar!” em seguida cutucou seus críticos esbanjando, autoconfiança reafirmando que”sabe o que está fazendo, que sempre soube”, ele que passou a vida nesse meio.
O técnico é Renato Gaúcho, famoso por travar polêmicas infinitas. Normalmente seus críticos o acusam de preguiçosos, que prefere ir à praia beber cerveja do que se debruçar meticulosamente sobre livros e cadernos de anotações, cercado de monitores estudando o próprio time e também o adversário. Justamente por ser pago para filosofar, digo, “pensar”, é que ele desdenha as estratégias e esquemas. Isso é irrelevante quando chega a hora “da onça beber água”. Tomara que ele se de conta que não é o primeiro nem será o último técnico-filósofo.
Oto Glória dizia que técnico de futebol “quando ganha é bestial, quando perde é uma besta”; Zagalo, que tinha autoconfiança elevada e pouca paciência com repórteres, simplesmente encarava o interlocutor com olhos furiosos e esbravejava “vocês vão ter que me engolir”.
Muricy Ramalho, que faz parte da geração dos técnico-celebridades, com um arsenal de frases feitas banais, porém, era extraordinariamente pragmático. Lembrava aos comandados que não se pode desperdiçar oportunidades criadas, do contrário “a bola pune!” Sábio alerta, pois coloca em evidência a estrela do espetáculo, razão de alegrias e tragédias: Ela, a Bola, estrela maior que não admite ser maltratada. Para Muricy, a relação do jogador com a bola deve ser tão íntima quanto deve ser entre o músico e seu instrumento. Tomo por exemplo clássico viola e violeiro. O violeiro Gedeão da Viola, dizia que a viola deve ser tratada com amor. Não adianta vir com técnicas agressivas: viola gosta é de carinho, então ela toca bonito, até fala! A relação entre o futebolista e a bola, é igual: bola gosta de ser tratada com carinho, respeito, amor! Então, sua Majestade, A Bola, facilita as coisas e até procura o jogador que a trata bem para retribuir o afeto recebido.
O confronto está desenhado. Será um elegante jogo de xadrez ou uma rinha de galos de briga? Ou uma dança sedutora para cativar aquela que conhece o caminho do gol?

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