Viajemos no tempo, uma voltinha só! Um “ir ali e voltar, rapidinho, um tantinho dessa coisa preciosa chamada tempo!”
Em se tratando de viagem no Tempo, essa é logo ali por volta da metade do século XX. Por volta de 1958 o dramaturgo Nelson Rodrigues, cronista por natureza, cravou que o brasileiro tinha “complexo de vira-lata”, ou seja, se sentia inferiorizado especialmente em relação à Europa e aos estrangeiros de modo geral. Não tenho certeza, mas ele pode ter desejado mexer com o brio da galera do futebol, pois naquele – 1958 – seria disputada a Copa do Mundo da Suécia e o brasileiro estava de saco cheio de chegar perto de não ganhar – especialmente se se considerar a Copa de 1950, quando perdemos em pleno Maracanã para o Uruguai, derrota que desdobrou uma tragédia nacional. 20 anos depois, quando nos vinguemos dos Uruguaios, a manchete da Revista Placar foi: “Vingança era uma obsessão, mas foi uma alegria!”
Sabemos que o Brasil venceu em 1958 e os especialistas afirmam que aquela memorável seleção foi a melhor de todas, disputando seriamente com o time de 1970. Curiosamente Pelé participou das duas seleções, começando e finalizando um ciclo como campeão.
Nesse espantoso ano de 2025 está sendo disputado o campeonato mundial de clubes, uma tentativa , creio eu, de tornar o futebol mais democrático, pois existe uma tendência de criar redutos isolados que se mantém por si mesmos, seguramente mais rentáveis financeiramente, contudo, sem conexão com o resto do mundo. Os redutos principais: Europa, Américas do Sul e do Norte, África, Ásia e países da Liga Árabe. O Campeonato Mundial, a ser realizado a cada 4 anos, poderia ser uma forma confraternização, de aproximação simbólica. O Rei Pelé acreditava nisso. Em 2014 ele lançou um livro chamado “A Importância do Futebol” onde ele trata o esporte mais popular do mundo como um celeiro de oportunidades para os menos favorecidos.
Pensar nisso vem em boa hora, pois, eis que o fantasma do “viralatismo” volta a nos assombrar: 9 em cada 10 cronistas brasileiros se “rendem” ao futebol praticado fora do Brasil, mas notadamente o europeu: eles são melhores em tudo, em técnica, preparação física e em organização. Em qualquer disputa entre um clube europeu contra qualquer outro, é melhor entregar logo a taça ao europeu, pois a chance de perder é 99,99%! Se quisermos ter uma chance de perder de menos, que tratemos de os imitar!
Pois bem, começa o campeonato e os embates tem sido reenhidos e não está sendo o passeio que muitos esperavam.
A coisa mais furada do mundo é fazer previsões certeiras no futebol, cujos deuses parecem uns brincalhões e adoram pregar peças. Alguém pode estar se lembrando da Islandia e seu time formado por caminhoneiros, porteiros, professores e açougueiros, representando um país “onde todos se conhecem”. Alguém pode se lembrar do “Todo Poderoso Mazembe”, time da República Popular do Congo, que provoca calafrios nos torcedores do Internacional de Porto Alegre. Em São Paulo, o Juventus da Mooca tem o apelido de Moleque Travesso, pois tinha a mania de praticar molecagens contra os grandes da Capital.
No futebol, os profetas do caos não apitam com tanta liberdade. O futebol é imprevisível!
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Joca
Sociólogo, ex funcionário público. Autor d'A Invenção da Palavra e Pequena História do Mundo (Fábulas voltadas para o universo infantil e infanto juvenil). A publicar: O Presidente Que Burlou o Golpe (fábula política).
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