A vaquinha que faz história

O clima não estava bom. Já no seu terceiro jogo o Brasil precisava derrotar a Jamaica. A lógica não ajudava as meninas. As atuais adversárias tinham empatado com a França, que tinha ganhado do Brasil. Iriam as centro-americanas dificultar nosso caminho na trajetória do nosso tão almejado título?
Mas o que estava realmente fora da lógica era o empate delas perante as francesas. O Brasil perder para a França era um tanto previsível.
A coisa começa a ficar ainda mais confusa quando o Panamá, já desclassificado, faz um gol nas europeias ao mesmo tempo que o jogo corre para nós.
Nossa partida transcorre como sempre, com o Brasil dominando a bola, mas errando os passes no momento em que está na área adversária e chutando fraco nas chances de gol, na mão da goleira. Falta tranquilidade, diz o comentarista.
Marta, que havia entrado como titular, como já há algum tempo, não consegue mostrar as habilidades que a fizeram tantas vezes ser aclamada a melhor do mundo.
As coisas parecem começar a voltar a fazer sentido, quando lá, do outro lado, a França faz o gol de empate contra o Panamá. E depois vira. Enquanto o Brasil não desencanta.
Os passes errados se repetem no transcorrer do primeiro tempo.
Confesso-me uma torcedora covarde. Minha vontade é desligar a TV e rezar por um resultado positivo para nós.
Quase gol da Tamires. Mas quase não serve…
Jogo tenso no segundo tempo, com o controle da bola pelo nosso time, mas sem a finalização com a qual sonhamos.
Jogo difícil. De assistir. O maior adversário é o relógio e o próprio time brasileiro que coloca seus problemas e medos no caminho de seu sonho.
Debinha faz uma jogada, mas a bola vai direto pra mão da goleira.
Últimos minutos. Falta perigosa para seleção brasileira. Será que a solução vai vir com a bola parada? Não. A defesa acontece em dois tempos.
Faltando um minuto: escanteio. Última chance. Debinha cabeceia. De novo, na mão da goleira.
Apito final. Jamaica faz vaquinha, faz história e passa para as oitavas sem tomar sequer um gol.
Marta declara: “Eu termino aqui, mas elas continuam”.

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