Acabou a Copa dos contrastes, Argentina tricampeã mundial, coroando o tal do Messi como melhor jogador de futebol masculino do século do XXI.
Por aqui, sobrou uma terra arrasada como sempre. Culpar as dancinhas, cabelos pintados, erros do Tite, inteligência tática do Fred ou pênaltis mal batidos é um ponto inicial, mas não podem servir como válvula de escape para os problemas estruturais do futebol brasileiro.
A CBF tem um complexo avançado para suas Seleções em Teresópolis, mas onde está o apoio aos clubes menores espalhados por aí? Onde está o apoio à formação dos jovens atletas nos cantos mais afastados dos centrões?
Fazer curso de formação de treinadores é uma exigência recente do mercado de trabalho, mas onde está o intercâmbio de ideias com profissionais de outras nacionalidades? Hoje, nosso treinador corre lá para a Europa, faz um estágio de duas semanas no Chelsea e volta falando que passou por Harvard.
Legislação trabalhista aos árbitros? Ainda bem distante.
O que falar então dos últimos presidentes da CBF que foram afastados por escândalos ou até presos? Corrupção ou assédio sexual? Tocou a campainha por lá e não sabemos que fim levou. Isso sem contar o que passa (e o que se leva) no mercado obscuro das negociações de atletas, seja entre clubes, seja meramente para que o menino passe por uma peneira.
Tudo isso influencia no desenvolvimento do futebol brasileiro e atinge seu ápice durante as Copas do Mundo. Ter um campeonato brasileiro equilibrado não significa a sua equivalência em qualidade técnica. Ter um campeonato nacional forte significa ter um apoio técnico incondicional nas horas das convocações.
Há muito o que se fazer.
O primeiro passo é vencer a aversão ao estrangeiro e apostar num nome de fora como treinador da Seleção. Hoje, não temos qualidade interna e um nome de fora traria inovações táticas, estruturais, comportamentais, etc, que não vemos no nosso futebol.
Coloca na assessoria um grupo de profissionais nacionais, da academia e do campo da bola, capacitados e acostumados com nosso Futebol e põe para trabalhar.
Para mim, o nome do próximo treinador da Seleção tem que ser estrangeiro, tenha trabalhado aqui nos nossos campeonatos ou lá no Real Madrid, mas estamos distantes de vencer a xenofobia.
Deveria ser o Guardiola, mas não estamos preparados para esta conversa.
Do mesmo modo, ainda não estamos preparados (e bem distantes) para falar em hexa em 2026.