Sim, a Copa no Catar não estreou lá muito animada. Denúncias de maus tratos aos trabalhadores na construção dos estádios e a cultura machista e homofóbica do país, somados à festa de abertura sem graça e ao conservadorismo extremo dos anfitriões contribuíram para jogar ainda mais água na cerveja (que, aliás, foi vetada).
A impressão que dava é de que havíamos sido convidados para uma balada só para homens, onde era proibido beber, beijar na boca, tirar foto ou levar o (a) amigue gay.
Mas, enfim, somos brasileiros e damos um jeito de nos divertir em qualquer lugar. Ontem mesmo, no jogo do Brasil, vi um torcedor exibindo um cartaz com a frase “Eu amo cerveja”. Sim, nós amamos, migo. Mais que Falafel. Mais que Kafta. Mais que futebol.
O fato é que uma semana após o início do Mundial, tenho me esforçado para curtir essa festa estranha com gente esquisita… e falhado miseravelmente.
É que aqui em casa, como nos estádios do Catar, também só se consome cerveja zero álcool. E, convenhamos, passar a copa a seco é como comemorar no Saara, ou melhor, no deserto Khor Al Abaid.
Me preparo para assistir a um jogo aleatório como Gales e Irã, algo que sempre adorei fazer nas copas. Com minha Heineken Zero na mão e meu melhor espírito torcedor ligo a TV… e durmo.
Em campo, o comentarista questiona se Cristiano Ronaldo fez ou não o gol de cabeça. No sofá, quem cabeceia sou eu.
Começo assistindo Tunísia e Austrália e termino comemorando o gol da Polônia.
Marrocos ganha da Bélgica e eu já tô pra lá de Marrakesh.
Não sei se é a falta de álcool, o excesso de trabalho de fim de ano ou se são os preparativos para a apresentação de balé que está chegando, mas o fato é que o rendimento desta cronista vai de mal a pior.
Se eu sei o que aconteceu nessa primeira fase da disputa? Nem sonho. Tudo que posso dizer é que assisti ao primeiro jogo do Brasil na companhia da minha sobrinha Alice que, com 6 meses de idade, comemorou a vitória da seleção igualzinho à tia: babando na camisa e sonhando com o Hexa.
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Andréa Martins
Andréa Martins ataca de publicitária, já foi escalada como roteirista e recentemente deixou o time dos paulistanos para jogar em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Em 2021, conquistou o título de escritora com o lançamento de seu primeiro livro “Uma cadeira na varanda – Crônicas e memórias do interior”. Já se considera veterana neste projeto, tendo entrado em campo no Crônicas da Copa do mundial masculino de 2018 e feminino de 2019 e no Crônicas Olímpicas de 2021. Com a convocação para a edição de 2022, já está preparada para gritar “É TEEEETRAAAAAA!”.
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