A Falta que Ele Não Fez

Foi um dia de esperas e expectativas, a segunda-feira, 28 de novembro.

Ainda dá tempo de falar nesse dia.

A excepcionalidade estava no fato do Brasil entrar em campo, precisando garantir a vaga para próxima fase da Copa, sem Neymar, sequer no banco.

Já às sete da manhã, as emoções acenderam-se entre Camarões e Sérvia, cada um buscando seu espaço para seguir em frente. Jogo pegado, duro, corrido. Um jogo de Copa do Mundo, diriam os locutores de plantão. E tinham razão. Já não existe a hegemonia soberana da ginga latino-america. Neste ponto podemos falar numa democratização do futebol, que perdeu um tanto do molejo e ganhou força e velocidade. Ali estavam africanos e europeus demonstrando a transformação. Ao final, tínhamos o placar: um empate de três a três. Um resultado justo, enfim.

Dez horas da manhã, Coréia do Sul e Gana. Um jogo capaz de mexer com emoções. Os jogadores encantavam com seus malabarismos, com suas reviravoltas. E os gols começaram a se dar numa sucessão de reversos capaz de acender o mais indiferentes dos cristãos. Ao final, depois de tantos chutes no ar e de torcedor pelos dois times ao mesmo tempo, feliz com o desenvolver do espetáculo, da arte do jogo, achei justo o resultado, Gana três, Coréia do Sul dois, mas confesso que fiquei um tanto penalizado pelos orientais, a justiça real se fazia com um empate, mas enfim, futebol não tem lógica nem compaixão.

O consolo foi recorrer à primeira cerveja do dia.

Ninguém é de ferro, caro Ascenso Ferreira.

Aí, uma da tarde, veio o principal interesse do dia.

Brasil e Suíça, a seleção do SUS, com sua cruz estampada no uniforme. E o que era aquilo no meio da torcida, dois cidadãos vestidos em ternos vermelhos recheados de cruzes brancas? O mau gosto pode ser uma tendência que desconheço, enfim. Mas importa mesmo o que acontece em campo, a torcida faz seu espetáculo, sim, no entanto, passadas as imagens inusitadas na TV, o que interessa é o futebol, e este se fez presente.

A Suíça não estava disposta a se deixar levar por nosso favoritismo. Outro jogo intenso, com gol anulado pelo VAR e suspense até o final. Peleia intensa, “igual à luta de cristãos e mouros”, diria Augusto de Anjos. No final a confirmação de uma quase certeza: vencemos por um a zero. E isso era o que importava, vencer nem que fosse por meio a zero.

Também confirmamos uma tranqüilidade. Pelo menos de minha parte não senti a menor falta de Neymar. Prevaleceu mesmo a arte do futebol, e sabemos que o improvável é sua regra.

Portugal e Uruguai, às quatro da tarde, foi mais um motivo para seguir na cerveja. Torci pelos vizinhos, os uruguaios, sonhando com uma felicidade para o bom Mujica. Minha torcida foi vã. Os portugas venceram por dois a zero. Sobrou a alegria de ver que Cristiano Ronaldo não jogou o milionário futebol que sabe.

Mais um ponto para o imponderável das regras futebolísticas.

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