SOBRENATURAL DE AL-MEIDA E A RAINHA DE COPAS
Nélson Rodrigues tornou imortal a figura de Sobrenatural de Almeida, aquele personagem misterioso que, num piscar de olhos, entra numa partida de futebol e muda todo o panorama do jogo.
Há os clássicos no futebol, aqueles times que se equivalem e não há favoritos, qualquer um deles pode ganhar. Porém, há aqueles jogos em que um clube é o franco favorito, é o mais poderoso, possui mais nome e craques. E aí vem a zebra, aí entra em campo o imponderável, e o que era doce acabou-se. Numa Copa do Mundo, esse tipo de acontecimento mexe com a gente: revivemos o episódio de Estados Unidos vencendo a Inglaterra em Belo Horizonte, na Copa de 1950; Coréia dando correiada na Itália na Copa de 66 ou Argentina, com Maradona e tudo perdendo de Camarões em 1990 – mas se redimindo e se tornando campeã.
Porém agora, no Qatar, foi o que se viu: o técnico francês, apropriadamente com o sobrenome de Renard, raposa, ao comandar a Arábia Saudita, que estava perdendo do time de Messi, conseguiu dar o célebre nó tático e acabou triunfando, virando o jogo por 2×1. O goleiro Al-Owais fez as defesas das arábias. Os artilheiros Al-Shehri e Al-Dawasari fizeram seus impiedosos gols contra a equipe favorita. Ao fim e ao cabo, Al-Meida, o Sobrenatural, al-finetou a bicampeã do mundo.
E hoje foi a vez da poderosa Alemanha: estava vencendo de 1×0 o time simplesmente regular do Japão e acabou tomando a virada. Fica o recado para os considerados favoritos abrirem os olhos. A Espanha, por exemplo, aproveitando que seu adversário tinha a costa rica, botou 7 gols lá dentro, sem risco de levar susto e deixar espaço para que o Sobrenatural aparecesse.
Fico pensando que a zebra é uma espécie de Rainha das Copas, aquela vilã da Alice no País das Maravilhas que de repente quer degolar todo mundo…
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Caio Junqueira Maciel
Caio Junqueira Maciel nasceu em Cruzília, MG. É mestre em Literatura Brasileira pela UFMG. Autor de vários livros de poemas, entre eles, Pele de Jabuticaba, Os sete sábios da Grécia & outros poemas safados e Igrejinha do Rosário (Urutau & Hecatombe). Contista de Cartões de crédito para gastar no inferno (Urutau Hecatombe), Micros-Beagá (Pangeia). Romancista de Um estranho no Minho (editora Viseu). Ensaísta de A escritura do tempo na poesia de Dantas Mota (Appris), O sangue que rejuvenesce o conde Drácula (Caravana). Participou de várias antologias de poemas e contos, entre as quais Jovens contos eróticos (editora brasiliense); Entrelinhas, Entremontes: versos contemporâneos mineiros (Editora Quixote)Todos os Saramagos (Páginas editora) Letrista musical, tem parceria com Zebeto Corrêa nos CDs Trilhas da Literatura Brasileira, Recados de Minas e Era uma voz: sonetos só pra netos. Em 2022 publicou o livro de crônicas Dia das mãos (editora Urutau) e lançará brevemente, para a coleção BH: a cidade de cada um, o livro Floresta(ed. Conceito).
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