Nem consigo imaginar a decepção dos argentinos hoje, já que o dia desandou bem cedinho com bola e tudo. Mas difícil mesmo garanto que foi não poder nem tomar uma cervejinha pra empurrar goela abaixo a zebra das arábias, e é aí que mais entra o meu “não consigo imaginar”, porque decepção e tristeza a gente conhece, mas nunca associa com sobriedade.
Bem, teria sido mais fácil para nossos hermanos se não tivessem tanta certeza da vitória, esta que nunca está tão certa assim. Eu mesma tinha essa certeza sem noção, ainda não sei bem se porque subestimei o time da Arábia Saudita, superestimei os argentinos ou ambas as insanidades. Mas claro que isso para mim também não saiu de graça: me dei mal no bolão!
Bolão, minha gente, é uma das maiores diversões das copas do mundo, quem participa sabe. É aquela alegria de participar de um jogo que você sabe que há quase 100% de chance de dar zebra para o seu lado e mesmo assim você vai lá e joga. Olha eu aqui confessando a insanidade maior que a do time argentino, que pelo menos perdeu ganhando – ganhando salários incríveis. É, eu sei que é estranho isso de “perdeu ganhando” e “certeza sem noção”, como é doido demais pensar em zebra rindo no mesmo dia que cangurus choraram. Pior: quer coisa mais inconciliável que tristeza sem álcool? Talvez cerveja sem álcool!
Quase inconciliável também tem sido meu dia a dia de estudante e operária de textos com os jogos da copa. Mas hoje me organizei o suficiente para conseguir assistir a duas partidas, a que teve alegria de zebra e a que entristeceu os cangurus.
Será que cangurus choram? Bem, se assistiram a vitória da França sobre a Austrália talvez tenham derramado lá suas lágrimas. Mas nesse caso era mais ou menos esperado pela maioria das pessoas que apostam em certezas incertas, como eu. Por conta disso comecei o segundo tempo clamando por mais um gol da França, que logo me alegrou. Alegria que durou pouco, porque a França não demorou a ampliou o placar e… Não sei se os cangurus choraram, mas eu bem que lamentei mais um bolão fora meu.
Mas por ora chega de coisas inconciliáveis!
Adeus meu bolão de hoje e… Vou ali tomar uma breja!
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Esther Alcântara
Poeta em essência, também escreve crônicas e letras de música. Nasceu em Monte Aprazível (SP) e há muito vive na capital paulista. Especialista em Língua Portuguesa, atua como editora, preparadora e revisora de textos, além de produzir conteúdo para livros didáticos; eventualmente também é professora. Apaixonada por livros, dedica-se ainda à encadernação artística. Entre suas produções estão o livro de artista Raízes, exposto na Biblioteca Mário de Andrade em 2015, e o minilivro de poemas Vinte poemas para serem lidos com lupa, lançado na Feira Miolo 2016. Seus poemas passeiam por saraus paulistanos, antologias, revistas e sites. Em 2017 publicou Piracema, livro de poemas, e fundou a Carpe Librum Editora. No momento organiza o Sarau Vosz, um novo projeto na periferia de São Paulo. Para Esther, poesia está sempre na pauta do dia.
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