Cheguei ontem ao Catar. Já era para ter postado algo no Crônicas da Copa, mas houve um pequeno entrevero no aeroporto. Desci da aeronave segurando uma lata de cerveja e fui preso. Após o pagamento da fiança me colocaram em liberdade. Só que a delegacia ficava no meio do deserto. Vocês não imaginam o que é arrumar um Uber num areal daqueles. Acabei perdendo a paciência, aluguei um camelo e voltei ao hotel.
Quando caiu a noite, além do frio, outra surpresa não muito agradável: fui abordado por um grupo de beduínos da Al Qaeda. Na minha experiência jornalística internacional, só vi gente mais armada do que eles num churrasco na casa da deputada Carla Zambelli. Queriam me afanar o camelo, é claro. A sorte é que, quando viram minha camisa da Seleção, ficaram com ela e me devolveram o Uber animal.
Hoje, consegui conversar com Neymar pelo Zoom. Está bem mais tranquilo do que na Copa de 2018. Disse-me que fez uma promessa: se fosse liberado de pagar impostos na Espanha e no Brasil, pararia de se jogar no chão em campo. Como acabou inocentado, teremos, sem dúvida, um atacante bem mais eficiente. O próprio Tite, ao saber da novidade, tuitou em sua conta pessoal que, sem a caibilidade, teremos uma grande golabilidade em Neymar.
Técnicos e seleções de todo mundo começam a chegar ao Catar. Abel Ferreira foi um dos primeiros a aparecer. Na visita que fez ao estádio onde o Brasil estreará houve uma curiosidade: Abel se desentendeu com um árbitro da Fifa, houve impropérios de parte a parte, e o “mister” do Palmeiras foi expulso de campo. Graças ao cartão vermelho, terá que assistir os dois primeiros jogos do escrete canarinho no hotel.
Fora a impossibilidade de ingerir álcool durante os jogos, essa Copa promete outras severidades. Está proibido para locutores o uso das expressões “bomba” e “canhão” (chute forte), “tiro de meta” e “mata-mata”. O Ministério dos Esportes do país não informou as razões, mas certamente são por questões de segurança nacional.
A cerimônia de abertura do torneio está confirmada para dia 20 de novembro e terá, como destaque, à frente de todas as delegações, o jogador Emerson Sheik. Só não se sabe se adentrará a pé ou montado num camelo.