Bola pra frente

Não rolou. Não foi dessa vez.

Eu queria, você também, era plural. Mas não deu certo, de uma vez só, no singular.

A vida e assim, afinal. Tem sempre um elemento surpresa (ou nem tanto) por aí, contrariando nossas vontades, embarreirando nossos desejos tão plurais.

A gente cai – e muito – pelas tabelas, erra passe, se atrapalha diante do adversário, bate pra fora do gol. Diz aí se a gente não bate pra fora quase todo santo dia?! Vez ou outra é que gente acerta. Vez ou outra.

Não foi dessa vez. Não rolou mesmo.

E a gente meio que já acabou, você e eu. Apesar do tempo regulamentar só bater cartão amanhã, cá entre nós, o nosso lance já morreu. Por desclassificação. Acabou o encanto, a paixão.

Pode até ter prorrogação, ir pros pênaltis. Pode ter juiz ladrão e stalker de vídeo. Prevalecer o inesperado ou a tradição.

Isso a gente vai ver. Certeza que estaremos, você aí e eu aqui, sentadinhos para assistir o desfecho oficial, o tal do apito final.

Mas uma coisa é certa, nossos corações não vão estar lá. Eles já não batem mais no mesmo compasso, assim bem clichê.

Tudo aquilo que nos unia, o desejo, o plano da vitória, a pipoca, a trilha sonora, o abraço caloroso depois do êxtase… minguou. Tanta energia depositada, tanta esperança no “agora vai”.

Não foi. Dessa vez não rolou – de novo.

Hora de sair de campo e jogar o jogo do contente. A gente é bom nisso, né? Craques em arrumar desculpas e seguir em frente. Mais do mesmo, quase sempre esperando um resultado diferente.

Ô contente, agora a gente vai ter um pouco mais de tempo pra nós mesmos, pensa. Pro trabalho, pros amigos, pra academia, pra seilaoque que vai levantar a autoestima.

Daqui um tempo, quatro anos, menos ou mais, a gente se recupera do baque, ou pelo menos cola os caquinhos. Afinal, já passamos pior, apanhamos de goleada, conhecemos bem essa dor. Somos mesmo um emaranhado de band-aids e cartões vermelhos.

Bola pra frente, não é assim que se diz?

Acho que vou tirar umas férias, dar uma espairecida. Tava em dúvida entre França ou Croácia, mas sabe que a Tailândia este ano ganhou meu coração?

Se cuida aí. Fica bem.

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