BAD ENGLISH AO PÉ DA LETRA.

– Excusa-me, Meg, não está na hora do evento?
– O que você está falando sobre, adorável marido?
– Pé na bola, adorável esposa. O jogo que nossos ancestrais inventaram…
– Oh, sim… E se vulgarizou por sobre todo o mundo.
– Diga popularizou, minha querida. Você não leu os papéis de notícias?
– Sim. Há rumores que a princesa terá o quarto filho.
– Não estou falando sobre isso.
– Ah, sobre esse tal de pé na bola: nosso império vai jogar contra exportadores de café e cocaína.
– Oh, Meg. Não seja tão rude.
– É um escrete de mestiços, negros e índios que escaparam do império onde o sol nunca se pôs. Malditos espanhóis.
– Começou o jogo, Meg. Pague atenção.
– Eu não ligo. Não vejo o time britânico nos representando. É justo uma banda de negros, paquiis e mestiços. Eu tenho nenhuma ideia onde erramos em perder as colônias.
– Seja razoável, Meg. O mundo mudou. Mas ainda temos Pickford, um sangue britânico original no gol. E ainda Furacão, outro da nossa raça, nosso centro avante que nos preenche de orgulho.
– O que você está falando sobre, Phil?
– Silêncio, por favor, Mel. O jogo está me dando sono e você não me deixa dormir.
– Preferia críquete, adorável marido.
Tempos depois, Phil acorda.
– Pênalti a nosso favor, Meg! Gol do Furacão!!!!!
O tempo foi passando. Bocejos se sucedendo.
– Sinto nossos rapazes…
– Não diga nossos rapazes… já disse a você: é uma malta de imigrantes…
– Pode ser. Sinto nosso escrete sem fair play. Jogam se no chão, atuam teatralmente como um Hamlet de Kenneth Branagh, um Sir Laurence Olivier ou aquele mestiço sul-americano chamado…
– Neymar!
– Que grande surpresa! Como vem você saber sobre sabe de Neymar, Meg?
– Por Cristo, os tabloides não falam outra coisa! Patético, mau exemplo, subdesenvolvido!
– Oh, não! Os adversários empataram!
Mais meia hora de prorrogação e sono. E o jogo foi para os pênaltis.
– Acorde, Meg! Nossa supremacia está em jogo!
– Tão desimportante, Phil!
– Pickford defendeu! Honrou nossa pátria planetária! Deus salve a Rainha!
– Oh, por favor, Phil…não seja tolo… Nosso império já ruiu há longo longo tempo atrás… excusa me, vou preparar uma xícara de chá.
– Oh, Meg… Você é desgostante e insensível. Permita-me lembrar a boa e velha piada inglesa. “Meg, quando você passar para cima escreverei na sua lápide: “Aqui jaz Margareth MacDolle, fria como sempre foi.”
– Quer que eu continue, Phil?
– Como o seu desejo, Meg.
– Você morrerá antes, assim espero. E eu escreverei na sua lápide: “Aqui jaz Phillip MacDolle: duro como nunca foi”.

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