Redondamente enganada

Meu leitorado sabe que pelo menos coerente eu sou. Ontem a maioria dos comentários à minha crônica discordava do meu ponto de vista, pois, ao contrário de mim, as pessoas haviam gostado do jogo entre França e Bélgica. Hoje, para meu gosto, assisti a uma partidaça entre Inglaterra e Croácia, o oposto de tudo que havia acontecido na primeira semifinal.

Contrariando também meus receios e prognósticos, os ingleses não fizeram um jogo cauteloso, que deixasse virem pra cima os croatas enquanto eles esperavam na boa para o contra-ataque. Mesmo saindo na frente logo no comecinho, mantiveram-se abertos, ousados, fizeram um belo primeiro tempo e já iam quase tomando dos adversários a minha preferência, quando…

Veio a segunda etapa, a Croácia recompôs-se dos vacilos dados na primeira e caiu pra dentro, mostrando a estatura que alcançou para ir à final contra a França. Deixou pra trás o injusto epíteto de “esforçada” de que a tachei quando perdeu o amistoso pro Brasil antes da Copa e a suspeita de que tinha belo futebol, mas ainda verde para voos mais altos. Qual uma espécie de Enterprise do Star Trek, chegou onde nenhum croata jamais esteve.

E foi tudo alegre, ofensivo, aguerrido, algo que também contradisse minhas previsões pessimistas, que colocavam no campo da emoção os jogos de uma chave da tabela e no campo da burocracia os do lado oposto, justamente o da Croácia e da Inglaterra. Mea culpa, mea máxima culpa. Eles deram show! Os dois times.

De ontem pra hoje eu pensava com meus botões cansados de guerra que a Copa do Mundo era um belíssimo espetáculo na fase de grupos, mas que se tornava chato e pragmático nos mata-matas das oitavas em diante. Pois afinal todo mundo quer vencer e nesse caso 1 x 0 é goleada. Felizmente eu estava enganada. Redondamente, como um passe do Modric ou do Rakitic.

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