Fora de foco

Ok, estamos todos felizes porque a Seleção ganhou, e com dois belos gols, depois de um jogo sofrido, em que atuamos melhor do que na estreia, mas ainda pecando nas finalizações. (Isso não é novidade pra torcedores de times como o meu Galo, acostumados a ter tudo, quando tem, sofrido…)

Mas os problemas não terminaram, e nem o choro do Neymar depois do jogo nem os memes em torno da “queda” do treinador apagam alguns dos desafios que ainda temos pela frente, mesmo porque não há nada decidido ainda, embora a vitória da Suíça sobre a Sérvia tenha nos deixado a um empate da classificação.

Pra mim, o maior problema da Seleção é a falta de foco. Tudo que não é importante vem na frente do que de fato importa. Os contratos milionários, o comercial de TV, as fofocas sobre namoro, a rede social, o destino de um atleta após a Copa, o penteado, o sambinha no ônibus, a cor do uniforme, a estatística, a superstição, os memes, os trocadilhos…

Fora de foco é não tratar os jogadores como os homens que são. Atletas bem pagos para fazer o que sabem. Adultos que não precisam ser mimados para render em altíssimo nível (como o fazem nos clubes em que atuam). Profissionais que sabem que a encenação só atrapalha, que a firula só vale se for em direção ao gol, que não se deve levar cartão amarelo à toa, que as cobranças só vêm porque eles são superatletas, no histórico e na conta corrente.

Não defendo nenhum regime militar, muito menos em preparação para uma competição como a Copa do Mundo. É o contrário. Foco pra mim é confiar na responsabilidade de cada um, apostar na seriedade, na concentração, no desejo de vencer.

Sabem aquele suspiro que a Hortência dava na hora de cobrar uma cesta? O mesmo que o Cristiano deu antes de bater a falta contra a Espanha? É disso que estou falando. Foco é entender que essa porqueira só se dá de quatro em quatro anos. Que vence o melhor, o que joga mais e que tem os nervos sob controle. O mais focado.

Os dois gols no finalzinho salvaram a pátria e lavaram boa parte da alma brazuca. Que a Seleção recobre a confiança e acerte o foco. Dá pra nós.

PS – Viva a linda a Nigéria! Viva a Suíça! O resultado não foi bom pro Brasil, mas que beleza o futebol que eles jogaram, sob a batuta de Shaka e Shaqiri, a dupla caipira de Kosovo.

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