Da trapalhada ao drama

A disputa por pênaltis é a solução mais cruel para o desempate. Claro que tem hora que é preciso definir critérios, e se dois times seguem iguais no tempo normal e na prorrogação, e só um pode passar, o que fazer? Houve tempo em que se recorreu ao gol de ouro, o velho “quem marcar primeiro ganha”, mas não deu certo, e corria o risco de o negócio se arrastar pro resto da vida, sem ninguém conseguir dar decisão…

Os resultados de hoje desapontaram por vários motivos: a Espanha, que vinha como uma das forças e fizera bela exibição na estreia, contra Portugal, só contida pelo gênio de Cristiano Ronaldo, não disse a que veio e cedeu a vaga aos donos da casa, que crescem a cada dia, mesmo sem futebol pra ir tão longe.

Aquele gol contra de canela abriu uma rodada que os três patetas ou os trapalhões bem poderiam patrocinar. Porque os dois gols do tempo normal de Croácia e Dinamarca também levaram a marca das trapalhadas bisonhas, e o pênalti perdido pelo Modric na prorrogação não ficou muito atrás.

Mas aí vieram as decisões por pênaltis, e tudo que era feio, fraco ou atrapalhado deu lugar à emoção e ao drama. De minha parte, sempre tenho taquicardia nesse momento, mesmo se for em disputa de Série C. Imagino o cobrador, que já jogou 120 minutos e está com músculos e nervos em frangalhos? E se na frente dele se avoluma um gigante nórdico com o sorriso de quem já pegou a batida de um dos melhores jogadores desta Copa do Mundo? Ah, nem…

No caso do jogo da manhã, valeram os ensinamentos de São Victor do Horto, e o goleirão russo soube o que fazer com os pés na hora agá, como se à sua frente visse Riascos, e não Aspas, cujo nome já rende trocadilho em si. Na tarde, a muralha dinamarquesa não conseguiu suplantar a qualidade croata, o que pelo menos fez justiça ao melhor futebol.

A Dinamarca valorizou a vitória adversária. E o bololô de croatas uns por cima dos outros na comemoração deu a medida do alívio que representou a classificação. Linda, também, a confraternização entre os dois times no centro do campo ao final da peleja. Futebol nós temos pra ensinar, mas de fairplay quem dá aula são eles. Aprendamos!

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