Sem seleção, o Brasil para.

Naquele domingo à tarde, a seleção brasileira entraria em campo para seu primeiro compromisso na Copa da Rússia. A disputa aconteceria em Rostov; o adversário, a Suíça.

Mas a seleção não apareceu.

O juiz decidiu dar alguns minutos de prorrogação e aguardou a presença do escrete canarinho. 15 minutos passaram-se e apenas o time suíço aquecia-se no estádio. Os bandeirinhas então dirigiram-se ao vestiário para averiguar o acontecido. A expectativa ganhava contornos mundiais. Por que um dos maiores favoritos do certame não estava ali para enfrentar o primeiro oponente?

Os minutos seguintes pareceram horas. Finalmente, os assistentes do árbitro voltaram do túnel. Lívidos. Confabularam com o juiz, que também aparentava surpresa e desconforto. Instantes depois, os cartolas da FIFA foram chamados a campo e, por sua vez, a imprensa. Os locutores esportivos, na sequência, passaram a disparar a notícia numa torre de babel de línguas. Em português foi assim: “seleção brasileira de futebol entra em greve e ameaça não estrear na Copa”.

O fato caiu como um raio em Brasília. De cara, o dólar subiu para seis reais e o diesel desapareceu das bombas. O governo decidiu imediatamente montar um Gabinete de Enfrentamemento à Crise com todos os ministros e alguns parlamentares aliados.

Um diplomata-emissário foi enviado a Rostov para tentar digerir a situação, repassá-la ao Gabinete e buscar revertê-la para que ainda houvesse Brasil x Suíça naquele fatídica tarde.

As informações chegavam truncadas. Dizia-se que os jogadores haviam se solidarizado com caminhoneiros, outras fontes afirmavam que a greve era um protesto isolado de Neymar por ser impedido de trazer seus 87 amigos para a concentração. Havia até quem levantasse a hipótese de que a paralisação era um locaute de técnicos liderado por Joel Santana.

A teoria sobre Santana logo desmoronou. Ele próprio apareceu, ao vivo, na BBC de Londres, dizendo na língua de Shakespeare:

– Iú tá de brinqueichon uíte me, cara?

Chegou ao Gabinete no Distrito Federal a informação de que, caso não acontecesse a partida, os prejuízos com a mídia e os patrocinadores oficiais do evento seriam de bilhões de euros. E quem pagaria a conta seria a CBF.

Diante da gravidade do instante, um parlamentar da Bancada da Bala ergueu-se da cadeira e berrou a seu pares:

– Intervenção militar nesse campo já!!!!

Foi atendido por unanimidade. Em cinco minutos adentrava no gramado russo, a “Banda Marcial do II Esquadrão de Cavalaria Mecanizada”,  do Exército Brasileiro. Estava ali no país de Putin, por acaso, para tocar o Hino Nacional. A seção de corneteiros deu para formar um time com dez jogadores na linha. O segundo sargento Athos Neves da Silva, tocador de prato, entrou no lugar de Alisson.

Estreamos na Copa perdendo de 7 x 1 para o esquadrão suíço.

Compartilhar:

Curta nossa página no Facebook e acompanhe as crônicas mais recentes.

Crônicas Recentes.